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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sem poesia não há filosofia


BACANAL
Quero beber! Cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!
 
Lá se me parte alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!
 
Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!
 
Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
-Vinhos!...o vinho que é o meu fraco!...
Evoé Baco!
 
 O alfange rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!
 
A Lira etérea, a grande  Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Vênus!
(Manuel Bandeira) 

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